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  • Foto do escritorDr. Bruno Burjaili

A DOR É UM ALARME


Por que escolhemos instalar alarmes no carro, em casa, ou em monitores médicos? E por que os ruídos são tão incisivos? Porque queremos ser informados, de imediato, se algo errado está ocorrendo, para que possamos agir de acordo. A evolução já chegou a essa conclusão há muito tempo. Por isso, existe a dor. Por mais incômoda, e por mais que traga sofrimento, a dor nos informa, com muita eficácia, que alguma parte de nosso corpo está para ser danificada (e, assim, evitemos a ameaça) ou que já foi (e, portanto, deve ser protegida para que tenha tempo de se regenerar). Isso é a dor aguda. Porém, o que ocorre na dor crônica? Neste caso, a dor perde a função de alerta. Ela não está mais necessariamente vinculada a uma lesão tecidual ativa. O alarme disparou, e não vem mais ao caso consertar a janela quebrada que fez o alarme disparar inicialmente, até porque, muitas vezes, essa janela já foi reparada. Logo, precisamos chamar o especialista em alarmes. Em nosso organismo, o alarme é o sistema nervoso. O Médico da Dor é aquele que se dedica a entender como os nervos, a medula espinhal e o encéfalo transmitem as informações dolorosas, e sempre se pergunta onde ele pode atuar, tentando bloquear ou modificar essas informações. Nessa conversa viciada de neurônios, as ligações entre eles são muito complexas, e as vias dolorosas deixam a informação deturpada escapar para outras redes neurais, como as ligadas às emoções, ao intelecto, às funções motoras, entre outras. Por isso, o tratamento não pode ser banalizado. Inclui uma gama de profissionais da área da saúde, a família e, acima de tudo, o paciente. Deve ser feito um compromisso de mudança, um pacto de disciplina e otimismo realista para que os ganhos sejam obtidos gradual e consistentemente. Não há milagre, a não ser a própria força de vontade que brota do amor próprio e fraternal entre todos os envolvidos. Seja com um medicamento, com um desabafo, com um exercício ou com um implante de eletrodo, há sempre mais a ser feito quando ocorre a real decisão de tomada de controle.

Música: Come Rain or Come Shine (Harold Arlen, Johnny Mercer; Art Blakey and the Jazz Messengers)

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